CAMINHO

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"ARTE DE SER FELIZ", SEGUNDO IGNÁCIO LARRAÑAGA

«ARTE DE SER FELIZ», SEGUNDO IGNÁCIO LARRAÑAGA

Fala o fundador das «Oficinas de Oração»

Por Lídia González e Teresa de Diego

MADRI, segunda-feira, 12 de maio de 2008 (ZENIT.org).

O Pe. Ignácio Larrañaga, sacerdote franciscano, capuchinho, fundador das Oficinas da Oração (http://www.tovpil.org), que beneficiaram mais de dez milhões de pessoas, é um dos mestres do espírito deste começo de milênio.

Autor de mais de 12 livros que foram traduzidos a mais de dez idiomas, ele teve uma enorme influência com sua pedagogia, que vincula a oração com a vida concreta, especialmente com a vida conjugal.


É autor de um dos livros de espiritualidade de mais êxito neste momento, «A arte de ser Feliz»  (Libros Libres), que já chegou à sua 7ª edição, com o qual pretende ajudar o homem moderno a sair de sua angústia e encontrar a felicidade.

Assim explica este missionário nesta entrevista, cuja obra, com reconhecimento pontifício, estendeu-se por todos os continentes.

-É possível que o homem seja realmente feliz?
-Pe. Larrañaga: Ainda que mágica, a palavra felicidade não deixa de ser uma palavra errada. Na realidade, ninguém é feliz, completamente feliz. Pode ter momentos de êxtase ou exaltação e nesses momentos parece que se chegou à plenitude da felicidade; mas, vã ilusão! São momentos efêmeros, fugazes. Pode haver faíscas de felicidade, de alegria, mas a felicidade em si? Não. O que aborta a felicidade é o sofrimento, e aqui podemos estabelecer uma lei de proporcionalidade: quanto mais sofrimento, menos felicidade; quanto menos sofrimento, mais felicidade. «A arte de ser feliz» ensina a eliminar ou diminuir qualquer sofrimento e, por este caminho, ensina não a ser feliz, mas sim a ser mais feliz. Eis aí a arte.

-Um homem que sofre doença ou dor física pode ser feliz?
-Pe. Larrañaga: Pode-se dizer que qualquer dor corporal já foi eliminada com os remédios modernos. Mas... e a doença? O problema da doença não é a perturbação biológica, mas a resistência mental que a angústia tem. A angústia é o pior espinho da doença. Um enfermo inundado de uma grande paz é um enfermo feliz.
Este livro ensina precisamente isso: arrancar da doença seu pior espinho, que é a angústia. Transformar a doença na «irmã doença» e fazer do enfermo um «enfermo feliz». Eis aí a arte.

-Hoje em dia vivemos pensando em ter êxito. Como preparar-nos para aceitar o fracasso?
-Pe. Larrañaga: É verdade. Estamos imersos em uma sociedade excessivamente competitiva na qual o mais forte, o mais audaz, o mais criativo vence na luta sem trégua. Por todas as partes se ouve o grito romano «ai dos vencidos», ou seja, «ai dos fracassados». Nesta sociedade não há lugar para os fracassados; eles são eliminados com crueldade e sem compaixão. Você me pergunta: como aceitar o fracasso sem cair? Francamente, não sei; ou melhor, acho impossível. Talvez só o espírito de fé e abandono em Deus poderia suavizar o sofrimento e ajudar a pessoa a manter-se de pé. Sem fé é inevitável cair de costas, feito pedaços.

-Há pessoas que acreditam que o homem se tortura com angústias e obsessões porque pensa demais.
-Pe. Larrañaga: Não porque pensa demais, mas porque dá voltas em sua mente, inutilmente, a fatos consumados e episódios tristes. E de tanto dar voltas em sua cabeça a acontecimentos tristes da vida, as pessoas se tornam temperamentalmente tristes. Os fatos que não têm solução ou cuja solução não está em nossas mãos, para que dar voltas na mente? Deve-se deixá-los nas mãos de Deus.

-Por que acredita que temos tanto medo de que os anos passem e a morte nos surpreenda sem ter vivido? Qual é sua resposta aos que temem a morte?
-Pe. Larrañaga: É um sentimento profundo, quase sempre inconsciente, mas real: os anos vão se passando e as pessoas estão se aproximando do ocaso da vida. Não lhes falta nada. Por ter tudo, até têm saúde física e mental, mas estão dominadas pela sensação de que lhes falta tudo. Se lhes perguntamos pela razão de seu viver, responderão que não a têm. É o vazio, a escura sensação de que a vida se vai sem que a tenham vivido. Sua existência não foi gratificante. Resposta aos que temem a morte? Não é fácil responder. É um fenômeno de grande complexidade. Esse temor, para os que não têm fé, participa do «horror vacui», horror ao vazio. Certamente é um temor irracional: deveriam pensar mil vezes na lei universal de que o que começa, acaba, lei respeitada por todos os seres da criação, exceto pelo homem.

-Da mesma forma que aprendemos a ler, escrever... temos de aprender a ser felizes? Depende de nós ou das circunstâncias que nos corresponde viver?
-Pe. Larrañaga: Na época pré-humana, os animais não tinham problemas para viver. Todos os seus problemas tinham soluções mediante mecanismos instintivos com os que resolviam, quase mecanicamente, suas necessidades elementares. Os animais não podem ser mais felizes do que são. Não têm problemas. O homem, ao contrário, desde que sai à luz, só encontra problemas: tem de começar a respirar, alimentar-se, a andar, a falar... e assim, ao longo dos anos, e até a morte , sua existência é um eterno aprender a viver e ser feliz. É verdade que há personalidades geneticamente inclinadas à tristeza, outras à alegria. Também é verdade que certas circunstâncias da vida podem favorecer ou colocar obstáculo ao viver. Mas é o próprio leitor quem tem de pôr em prática os meios de autoliberação que o livro entregará em um processo de progressiva superação do sofrimento humano, avançar paulatinamente rumo à tranqüilidade da mente, a serenidade dos nervos e a paz da alma.

-Atualmente dispomos de muitos meios materiais, avanços tecnológicos... mas as pessoas parecem mais individualistas, nervosas, distraídas, ou seja, menos felizes. Teremos de fugir para uma ilha deserta para ser felizes?
-Pe. Larrañaga: Efetivamente, a sociedade moderna é assassina, digamos assim, porque acaba por desintegrar o mais sagrado do homem, que é a unidade interior e a estabilidade emocional. E por aí sobrevém a dispersão, o estresse, e podemos aproximar-nos perigosamente da depressão, e tudo isso em meio à sensação generalizada de desassossego. Para salvar-nos de uma sociedade tão desestabilizadora, não precisamos retirar-nos a uma ilha solitária. Mas tampouco cabe a possibilidade de viver um presente de natal. O leitor terá de submeter-se a um processo de autoliberação seguindo as pautas do livro.

-Você dá muita importância à oração; precisa dela para viver com alegria?
-Pe. Larrañaga: Penso absolutamente que o trato de amizade e a relação pessoal com Deus favorecem enormemente, quase decididamente, a liberdade interior, a ausência do medo e da alegria de viver. Também suspeito que a oração e a atitude de abandono são o único caminho da paz profunda. De qualquer forma, penso que os golpes rudes da vida nos despedaçarão inevitavelmente se Deus estiver totalmente ausente do coração.

-E se a pessoa não tem fé, pode ser igualmente feliz?
-Pe. Larrañaga: Compreendo que pode haver homens e mulheres completamente agnósticos e igualmente felizes. Mas isso por exceção. O homem, sem fé, tem de sentir um grande vazio, na última solidão do ser, naquele poço infinito que só um infinito pode preencher. Em todo caso, todas as reflexões e orientações que «A arte de ser feliz» oferece vão dirigidas aos que não têm fé ou cuja fé é frágil.

OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ENTREVISTA COM FREI IGNÁCIO LARRAÑAGA

HÁ UM GRANDE VAZIO DE DEUS, E SE BUSCA ALGO QUE SE ASSEMELHE A ELE

QUERÉTARO, quarta-feira, 13 de junho de 2007 (ZENIT.org-El Observador).- O Pe. Ignácio Larrañaga é um sacerdote franciscano capuchinho, de origem espanhola, que desenvolveu um amplo trabalho animador e evangelizador durante mais de 25 anos, primordialmente através desse serviço eclesial conhecido como Oficinas de Oração e Vida, que datam de 1984, e que beneficiaram cerca de dez milhões de pessoas.

O Pe. Larrañaga é autor de mais de doze livros, que foram traduzidos a mais de dez idiomas, e teve uma enorme influência em países de fala hispânica com sua pedagogia que vincula a oração à vida concreta, especialmente à vida matrimonial. Reproduzimos, a seguir, uma entrevista exclusiva que o Pe. Larrañaga concedeu a Zenit-El Observador.


Em seu livro «Mostra-me o teu rosto», o senhor coloca este epílogo de Karl Rahner: «O homem do futuro será um místico que experimentou Deus ou não será nada». Como percebe o fundo desta sentença?

Padre Larrañaga: Eu penso que em geral vivemos hoje em dia uma cultura, não digo atéia, mas sim pagã, onde só interessa o bem-estar, o dinheiro, a satisfação, o hedonismo; mas isso não pode de forma alguma durar por muito tempo, porque então sobrevém o vazio existencial, e isso leva, por exemplo, ao suicídio, porque, então, se nada tem sentido, para que viver? Frente ao futuro, deve haver uma espécie de mudança no modo de ser e de sentir do homem na sociedade futura. O que Ranher quer dizer é que na Igreja Católica a religião é eminentemente doutrina, dogmas, teorias, teologia, e se não é mística (a religião), trato pessoal com Deus, e se verdadeiramente não há experiência de Deus, não haverá nada: a religião seria um conjunto de palavras vazias que não têm sentido algum. Então, ou será experiência pessoal de Deus ou simplesmente isso não tem razão de ser, são puras palavras que andam de boca em boca.

Parece que o mundo moderno é um mercado de experiências religiosas.

Padre Larrañaga: Há uma evidência: hoje em dia se experimenta um grande vazio de Deus e vai suscitando-se uma fome de Deus, um desejo de Deus, mas confuso e obscuramente, sem saber exatamente o que é. Então, busca-se algo que se assemelhe a isso; daí vêm os movimentos como a New Age, as religiões orientais e todas essas coisas que vão vindo como uma espécie de substituto dessa fome de Deus que realmente a sociedade, sem perceber, sente e pensa. A cultura moderna está sentindo um grande vazio e não sabe de que, mas no fundo é do próprio Deus.

O senhor criou as Oficinas de Oração e Vida. Neste contexto da fome de Deus que o homem moderno padece, como se insere esta experiência das oficinas? O que elas oferecem?

Padre Larrañaga: Este serviço eclesial, assim visto pela Santa Sé, chamado de «Oficinas de Oração e Vida», chegou nestes 22 anos a cerca de nove ou dez milhões de pessoas que os receberam, e em geral a impressão é que muda a vida, e esta mudança de vida significa que é uma visão totalmente nova, um modo de viver o cristianismo a vida seguindo os passos de Cristo Jesus, pacientes como Jesus, bondosos como Jesus.

Concretamente, em que consiste a experiência das Oficinas?

Padre Larrañaga: É uma proposta global muito detalhada. Em primeiro lugar, trata-se de que os assistentes aprendam a relacionar-se com Deus de uma forma variada, sistemática, metódica, desde os primeiros passos até as alturas da oração transformadora -- ou oração contemplativa.
Outra finalidade é de que maneira evitar os traumas, as feridas da vida, as angústias e tristezas, todo o negativo do coração, como eliminá-lo e que tudo isso não influa no estado emocional da pessoa.
Também pretende a apresentação estimulante, viva, vibrante, entusiasta de Jesus Cristo Nosso Senhor como modelo de vida, com uma pergunta que está no fundo de tudo: o que faria Jesus em meu lugar?
Então propomos um programa fascinante: ser humildes, pacientes, bondosos, sentir, amar como Jesus o fez, modelo de vida em tudo; é um programa de santificação «cristificante».
Finalmente, impulsionamos os participantes a comprometer-se em uma vida apostólica: amigos de Jesus, apóstolos de Jesus; esta é a finalidade que pretendemos com todos aqueles que vêm às oficinas: nós os devolvemos à vida transformados em amigos do Senhor, libertados de angústias e traumas, e verdadeiramente homens e mulheres de oração.

OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA

ENSINAMENTOS DE FREI IGNÁCIO: "SOFRIMENTO E PAZ"


"Diz a experiência que a fé pode ser lenitivo eficaz para a calmar a dor. Fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Fé em Deus que criou um mundo tão belo, mas tão imperfeito aos nossos olhos, onde os contrários se chocam dolorasamente. O ser humano sempre interrogou o seu criador: ´Por que tanto sofrimento?´ Não há resposta nem solução, apenas silêncio. Parece que Deus joga no time adversário. O homem luta para viver com mais dignidade e felicidade, pesquisa e consegue curar certas doenças, mas vem alguém e coloca outras como o câncer ou a aids. O Filho de Deus veio anunciar seu reino de amor preferencial aos pobres e humildes. Mas eles continuam sempre mais pobres, mais explorados e humilhados. Vale a pena o fraco ser humnao esperar algum auxílio de seu Deus onipotente, que parece insensível e sádico? Será que a solução está em descarregar toda a culpa em Deus, cruzar os braços e soferer com estóica apatia?"

"Inácio Larrañaga não pensa assim. Com este livro quer colocar nas mãos do leitor meios práticos para mentalizar ou, ao menos, atenuar o sofrimento que aí está, que ninguém desejou nem convidou. Os três primeiro capítulos são para aqueles que têm pouca fé, ou nenhuma. O quarto é para aqueles que têm fé forte e fecunda. De um lado a perspectiva apenas humana, sem os pressupostos da fé. De outro, uma reflexão a partir da perspectiva cristã."
(Texto transcrito do livro "Sofrimento e Paz", da Ed. Vozes, 16ª edição) 

OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA

domingo, 22 de novembro de 2009

O HOMEM E O MUNDO


CONSERTAR O HOMEM

Um cientisata trabalhava em seu laboratório tentando encontrar um meio para minorar os problemas do mundo.
Seu filho, de sete anos, entrou decidido a ajudá-lo.
O cientista, não querendo ser importunado, procurou algo que pudesse distrair o pequeno.
Recortou um mapa do mundo em pedacinhos e pediu-lhe que tentasse cosertá-lo.
Imaginou que desta forma distrairia o menino e poderia concentrar-se no trabalho.
Em pouco tempo o filho voltou trazendo o mapa todo colado.
O cientista, admirado com a proeza do menino, perguntou: "Meu filho, como você conseguiu consertar o mundo em tão pouco tempo?"
Ao que respondeu o filho, sorrindo: "Foi fácil, papai! Do outro lado da folha tinha a figura de um homem. Como eu já sei como é um homem, eu apenas o consertei. Quando o homem estava consertado, o mundo também foi consertado.

Consertou o homem, consertou o mundo.

As mensagens de Frei Ignácio Larrañaga, vivenciadas nas Ofcinas de Oração e Vida, levam a uma outra palavra em relação ao homem, em vez de consertar, aprendemos a nos transformar. Aumentando nossa intimidade com Deus por meio da oração e da Palavra Sagrada, a paciência, humildade, perdão, amor, compreensão, convivência fraterna, nos transformam em homens e mulheres de paz e bondade.
OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ARCEBISPO DO RIO DE JANEIRO FAZ REFERÊNCIA À VISITA DE FREI IGNÁCIO

(Transcrição do artigo de  D. Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, publicado no site da CNBB e no da Arquidiocese do Rio de Janeiro, quando da visita de Frei Ignácio à cidade do Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2009)

D. Orani destaca em seu artigo o silêncio e o encontro com Deus, que bem identifica os ensinamentos de Frei Ignácio em suas mensagens nos Encontros de Experiência de Deus e nas Oficinas de Oração e Vida.

O livro de Frei Ignácio citado por D. Orani, "Adorar em Espírito e Verdade", que deixou de ser editado, está todo contido no livro "Mostra-me o Teu Rosto", de Frei Ignácio.

O SILÊNCIO E O ENCONTRO COM DEUS


"Ao mesmo tempo em que se regulamenta até quantos decibéis podemos aguentar e até que horas são liberados os aeroportos próximos às cidades durante a madrugada, para que as pessoas possam dormir, vemos, por outro lado, um aumento cada vez maior do barulho ensurdecedor de uma cultura que, procurando fugir de si, muitas vezes se refugia no torpor de uma situação que a faz procurar esquecer os problemas de cada dia.
Vivemos hoje em um mundo cercado por sons e ruídos, e por esse fato é muito difícil experimentar o silêncio. Que o digam as pessoas que compartilham as suas casas com vizinhos barulhentos e a nossa prática de estar sempre ouvindo um ou mais aparelhos eletrônicos ao mesmo tempo para não pensar muito na vida e ficarmos distraídos das agruras da vida diária.
Somos impulsionados pela busca incessante de dinheiro; corremos sem cessar para acumular bens, e, nessa busca, somos envolvidos pelo barulho dos carros, máquinas, fax, campainhas, buzinas, rádio, TV, telefone celular, músicas estridentes, agitações e gritos. Dias atrás, com o “apagão” em grande parte do Brasil, muitos ficaram sem saber o que fazer sem poder acessar a internet, ver televisão e sem utilizar-se do celular. Desaprendemos a conversa em família e muito mais ainda o silêncio.
Interessante observar como nos tornamos escravos dos sons e como as pessoas parecem ter necessidade do barulho. Quantos ficam como que anestesiados pelo barulho de baterias, guitarras, gritos e agitações que lhes envolve o corpo e a alma?
Desconfia-se de que, continuando nessa direção, começaremos a nossa caminhada para a surdez ainda mais cedo. Mas, quer queiramos ou não, o silêncio é necessário para nosso equilíbrio e principalmente para nos encontrarmos com Deus e conosco mesmos.
Todos conhecemos a passagem de Deus na vida do Profeta Elias (1Re 19, 11-14): passou um vento impetuoso e Deus não estava; depois houve terremotos e Deus não estava; veio o fogo e Deus não estava, e depois “ouviu-se” o murmúrio de uma brisa leve e suave e Deus se manifestou ao Profeta, o qual, ante a presença do Senhor, cobriu o rosto.
Jesus é muito claro quando nos ensina a necessidade da oração interior: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois o vosso Pai sabe do que precisais, antes de vós o pedirdes.” (cf. Mt 6, 6-8).
Essas são palavras divinas que ressaltam a importância do silêncio para que a figura do Pai possa resplandecer em nós, e, por esse fato, Jesus aconselha: fechar as portas do quarto, dizer poucas palavras, ou seja, ficar em silêncio em Sua presença.
Frei Inácio Larrañaga (iniciador das Oficinas de Oração e que esteve recentemente no Brasil), no seu livro “Adorar a Deus em Espírito e Verdade” (Paulinas 1983, p. 190), diz sobre isso: “Ficar com o Pai quer dizer estabelecer uma corrente atencional e afetiva com Ele, uma abertura mental na fé e no amor. Minhas energias mentais (aquilo que eu sou como consciência, como pessoa) saem de mim, projetam-se nele e ficam com ele. E todo o meu ser permanece quieto, concentrado, compenetrado, paralisado nele e com ele.”
Esse estar com o Pai nada mais é do que a oração de quietude, na qual há plena alegria tão somente de estarmos diante do nosso Deus e Pai.
Os grandes místicos, como São João da Cruz, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila, sempre dizem que o silêncio é essencial para que Deus resplandeça.
São Bento, patriarca dos monges do Ocidente, em sua Regra, coloca o silêncio como uma realidade normal na comunidade monástica que, junto com a Lectio Divina, a vida em comunidade, a liturgia, a unidade na comunidade e com o Abade leva à paz interior e cria um clima orante na comunidade. São Bernardo também toma caminho idêntico, mesmo com seus afazeres fora do Mosteiro.
Uma das recomendações dos pregadores de retiros é sempre aproveitar esse tempo para o silêncio externo que ajude a entrar no silêncio interior, ou o silêncio interior que ajuda a viver externamente no silêncio, procurando falar apenas aquilo que edifica e se aproveita para a vida em Cristo e a fraternidade entre nós.
Nestas duas semanas nas quais dois grupos de nosso clero arquidiocesano se “retiram” para esse tempo de revisão de vida, oração e partilha dentro do ano sacerdotal, um dos passos importantes será, sem dúvida, esse encontro com Deus no silêncio de nossos corações.
Assim também poderia ser nossas vidas, que necessitam desse equilíbrio de silêncio, que grita a paz e a fraternidade e nos faz ainda mais animados na missão de discípulos missionários. O silêncio cristão é pleno da Palavra de Deus e ilumina as nossas vidas. É tão importante que, mesmo na liturgia, quando nos tornamos mais adultos nas celebrações, entendemos que os momentos de silêncio serão importantes para acolher as presenças de Cristo nos vários momentos da celebração.
Na busca do silêncio cristão que nos leva à contemplação das verdades eternas e na busca do rosto de Deus devemos conscientizar-nos sobre a importância do silêncio para a oração e para a vida."

OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA

sábado, 14 de novembro de 2009

BISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA FAZ REFERÊNCIA À VISITA DE FREI IGNÁCIO

(Transcrição do artigo de D. Eurico dos Santos Veloso, Bispo Emérito de Juiz de Fora, MG, quando da visita de Frei Ignácio à Belo Horizonte, publicado no site da CNBB, em 06/10/2009).
Com o texto teremos oportunidade de recordar a mensagem de Frei Ignácio nas palestras que pronunciou quando de sua visita a diversas cidades do Brasil neste ano de 2009.

FREI IGNÁCIO LARRAÑAGA O INCANSÁVEL MISSIONÁRIO DE JESUS


"Frei Inácio nasceu em Azepetia, país Basco, no ano de 1928 e se ordenou sacerdote, ordem dos Capuchinhos em 1952.
Sua obra missionária é extensa. Em 1974 iniciou os ENCONTROS DE EXPERIÊNCIA DE DEUS, uma semana em silêncio, dedicada unicamente à reflexão e oração, ministrrado por ele mesmo em 33 países, três continentes e do qual participaram centenas e centeas de pessoas.
Em 1984 fundou as OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA, serviço eclesial aprovado pela Santa Sé, difundida em 44 países, cujo objetivo principal é ensinar o povo de Deus a relacionar-se, metodicamente com Deus, restaurando o encanto da vida e o enconto de Deus.
No Brasil as OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA já se encontram há 25 anos e neste período, milhares de pessoas, homens, mulheres, jovens, casais, foram evangelizados por esse serviço eclesial de incomparável beleza, onde o trato de amizade com o Deus único é avivado, criado ou restaurado e as pessoas que passam pelas OFICINAS voltam a se encantar pela vida e plo Deus, Pai, que a todos ama de forma gratuita e pessoal.
Nos últimos anos, desnvolveu uma intensa atividade evangelizadora específica para gandes massas, em teatros, ginásios e estádios, onde ao lado de palestras sobre a pessoa de Jesus Cristo, o Senhor, trata do relacionamento entre casais e, principalemnte, se dedica a reavivar o trato pessoal com Deus.
Além dessa tarefa evangelizadora é autor de diversos livros de mística e, em verdade é o autor católico mais lido em todo mundo, suas obras, escritas em espanhol, foram traduzidas para os idiomas mais falados em todo o mundo.
Destacamos de sua imensa obra literária: "Mostra-me teu rosto", "O Pobre de Nazaré", "O Irmão de Assis", "Sofrimento e Paz", "Suba Comigo", "A arte de ser Feliz", "O Silêncio de Maria", "Casamento Feliz".

Frei Ignácio Larrañaga Obregoso, incansável e destemido apóstolo de Jesus Cristo, o Senhor, no périplo mundial "Ao Encontro Contigo" esteve em Belo Horizonte, onde proferiu 3 palestras memoráveis: "Para Casais", "Ao povo em geral" e uma "palestra especial  para os Guias das Oficinas de Oração e Vida".

Na palestra para os Casais destacou os diversos entraves para que o casamento seja uma união feliz e para toda a vida e que o maior deles é o egoísmo, na qual cada cônjuge se fecha em si mesmo e vê no seu companheiro, objeto de desfrute. Outro entrave sério é a falta de comunicação, não apenas diálogo, mas a revelação do ser interior de cada cônjuge. Destaca que o verdadeiro amor importa em infinita paciência, especialmente, no período de adaptação dos casados, quando o verdadeiro eu de cada um é revelado de par a par e cada um se dá a conhecer. O verdadeiro amor se conhece quando um se sacrifica pelo outro, ao dar sua vida para o outro, que não se trata de morrer pelo outro, mas empenhar todo seu ser na felicidade um do outro, morrendo aos impulsos mais selvagens, suavizando as arrestas, tratando o outro como pessoa, ser criado à imagem e semelhança de Deus.
A única maneira de constituir um casamento feliz, construção de cada dia, é morrer aos impulsos egoísta do coração e isso só é possível se o casal tiver presente a figura incomparável de Jesus Cristo e diante dele perguntar sempre nos épocas de conflitos: “O QUE FARIA JESUS NO MEU LUGAR?”
E desta forma, o casal vai copiando dia a dia, pouco a pouco, os traços positivos de Jesus: humildade, paciência, veracidade, ternura, pureza de espírito, solidariedade, abertura para o outro e com isso forma uma mentalidade conforme a pessoa de Jesus Cristo.
Na palestra para o povo em geral, tratou da doutrina inesgotável do abandono, palavra equivoca, mas que em si nada tem de passivo.Trata-se de abandonar o negativo do coração, com um não aos impulsos negativos e um sim a tudo o que vai de encontro a esse negativo.
Na vida há fatos que não se pode mudar, por exemplo, o tempo passado. O que passou minutos atrás, não volta, ainda que choremos um lar de lágrimas. É inútil lamentarmos um fato que aconteceu no passado, pois, isso jamais, ainda que choremos copiosamente, poderia não ter acontecido. É um fato irreversível.
Se estivermos diante de um fato irreversível não aceitá-lo é uma loucura, seria semelhante a alguém que fica batendo a cabeça contra a parede. Quem sofre a cabeça ou a parede?
Diante de um fato irreversível temos duas alternativas: ou ficarmos lamentando e sofrendo por algo que não podemos mudar ou fazer um ato de fé e depositar nosso desgosto nas mãos todo poderosas de nosso Deus e Pai.
Deus na organização geral da vida criou leis imutáveis que governam o universo, como por exemplo, a lei da gravidade, a lei da liberdade humana. Se uma pessoa, numa tempestade vai passando perto de uma construção e o vento faz despregar uma pedra e eu passo em baixo, essa pedra vai cair e vai me matar.
Veja bem, Deus todo poderoso, poderia revogar a lei da gravidade e suspender a queda da pedra em minha cabeça, mas se não o faz e respeita essa lei por Ele mesmo criada, é sinal que a permite e desta forma, o abandono consiste em aceitar essa vontade de Deus.
Se um invejoso destrói minha reputação e me deixa totalmente desacreditado, Deus poderia impedir esse desastre, através de um infarto cardíaco no invejoso. Mas se não faz, permite e desta forma, pela fé, aceito que em todo ato humano o elo final está nas mãos de nosso Deus e Pai.
As pessoas sofrem, porque vivem relembrando fatos tristes, que já aconteceram e que nós, ainda que derramemos um mar de lágrimas, não se pode deixar de que tenham acontecido.
Outra coisa, se fico relembrando uma ofensa, acontecida, por exemplo, há 10 anos, muitas vezes o ofensor está por aí, dançando e festejando, e o ofendido relembrando fatos, odiando e seu ódio não atinge, sequer um dedo do ofensor.
Precisamos acordar e acordar é sofrer menos. Se aquilo que me acontece posso mudar é hora da luta. Se estamos diante de fatos que não posso mudar, fatos irreversível, o melhor que podemos fazer é aceitar e abandonar-se nas mãos poderosas e carinhosas de Deus, Pai, que, ainda, que não tenha sido a causa de nosso desgosto, o permitiu.
Não sabemos nada. O que poderia ter acontecido se este fato que aconteceu há anos não tivesse acontecido? Olhando para trás, quantas vezes, um fato que considerávamos o maior mal, na verdade foi o maior bem e carinho do Pai.
Quem poderia imaginar que na cena do calvário, aquele cadáver ensangüentado, boca aberta, sem vida, quando tudo daquele homem fora destruído, perdeu os amigos, sua doutrina foi considerada ofensa a Deus, seria na verdade o maior bem para humanidade? Não sabemos nada.
Na segunda parte da palestra, Frei Inácio, de maneira mística, demonstrou que toda oração de profundidade é humanizadora, isto é, quando oramos, nos aproximamos mais de nossas fontes interiores, nos voltamos para Deus e, desta forma, nos tornamos mais próximos do novo homem criado por Jesus Cristo.
Cristo Jesus, sendo de condição divina, não se negou assumir nossa humanidade e, para recriar o homem, desceu aos abismos mais terríveis e sofreu a morte mais cruel e vergonhosa, a morte de Cruz.
Cícero diz que os romanos tinham duas maneiras de executar a sentença de morte, uma tida como nobre, destinada aos cidadãos romanos, a decapitação e outra vergonhosa, destinada aos escravos, terroristas e não romanos, a crucifixão. De maneira que Cristo morreu de uma morte cruel. Vergonhosa, morreu como um infame e, isso, por cada um de nós. Cristo não morreu pela humanidade ou pela Igreja, mas por cada um de nós, como diz Paulo.
Cristo amou a mim, morreu por mim e criou um novo homem.
Assim, toda oração de profundidade é humanizadora, pois nos leva a nos conformar com o novo homem, novo Adão, nascido das chagas abertas de nosso Senhor Jesus Cristo.
Finalmente, Frei Inácio, de uma maneira mística incomparável, destacou que o Cristo Jesus, hoje, com um coração desprendido de adesões aos bens materiais, pobre, manso, humildade, solidário com o homem é o único que pode salvar o homem da sociedade pós-moderna.
Essa sociedade, sustentada pela supremacia do eu e despida de valores, sem qualquer vinculação com Deus imortal, banido pelos meios de comunicação, tendente ao niilismo, ao nada, somente pode ser salva, se voltar para Cristo Jesus, manso, humilde e pobre.
Num final muito feliz, diz que os cristãos da época das perseguições romanas, se ocultavam em catacumbas e grutas e tiravam sua força na contemplação diária de Cristo Jesus, morto e ressuscitado e de suas bocas sofredoras saia um grito dolente, mas confiante: MARANATA, vem. Senhor Jesus.
E com a força do Cristo, MARANATA, enfrentavam sorrindo a morte, os açoites. Esse grito, também, Frei Inácio, faz ecoar, forte e vibrante: Vem, Senhor Jesus. Vem, Senhor Jesus. Vem e salvai-nos dessa sociedade neo pagã, hedonista, sem rumo, sem valores, sem Deus."

OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA