CAMINHO

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FÉ - ESPERANÇA - PAZ - AMOR

domingo, 3 de janeiro de 2010

EXPERIÊNCIA DO AMOR OBLATIVO

Era uma vez, um maravilhoso jardim, situado bem no centro de um  grande  campo. O dono costumava passear pelo seu jardim, ao sol do meio-dia...


Um esbelto bambu era para ele a mais bela e estimada de todas as árvores do seu jardim. Ao seu olhar carinhoso, esse bambu crescia e se tornava cada vez mais bonito. Ele sabia que seu dono o amava e que era a sua alegria.
Um dia, o dono, pensativo, aproximou-se de seu bambu. E num sentimento de profunda veneração, o bambu inclinou sua cabeça imponente... O Senhor disse a ele: "Querido bambu, eu preciso de você..." O bambu respondeu: "Meu senhor, estou pronto, faze de mim o que quiseres!". O bambu estava feliz! Parecia ter chegado a grande hora de sua vida: seu dono precisava dele e ele iria servir-lhe.
"Bambu!" a voz do senhor era grave. " Só poderei usar-te, se eu te podar"... "Podar?... a mim, Senhor? por favor, não faça isto! Deixe a minha bela figura. Tu vês como todos me admiram...". "Meu bambu amado" - a voz do senhor tornou-se ainda mais grave ! Não importa que te admirem ou não... Se eu não te podar. não poderei usar-te...". No jardim, tudo ficou silencioso. O vento segurou a respiração, finalmente o lindo bambu se inclinou e sussurrou: "Senhor, se não me podes usar sem podar-me... então, faça comigo o que quiser.



Meu querido bambu – devo também cortar a tuas folhas!... ". "Ó Senhor, se me ama, preserve-me de tal mal! Pode destruir minha beleza, mas por favor, deixe as minhas folhas..." Não poderei usar-te se não tirar também as folhas." O sol escondeu-se atrás das nuvens... Algumas borboletas e pássaros, que por ali brincavam, afastaram-se assustados... O bambu, trêmulo, à meia voz disse: "Senhor corta-as!..."


Disse o Senhor novamente: "ainda não basta, meu querido bambu. Devo."cortar-te pelo meio e tomar teu coração... Se não faço isto, não posso usar-te."Por favor, Senhor, disse o bambu, eu não poderei mais viver...Como viver sem coração?...” "Devo tirar teu coração, caso contrário, não posso usar-te." Houve um profundo silêncio... Alguns soluços com lágrimas abafadas... Então o bambu inclinou-se até o chão e disse: "Senhor, poda, corta, parte, divide, toma-me por inteiro, reparte..."



O Senhor desfolhou o bambu... Decepou seus galhos... Partiu-o em duas partes... Tirou-lhe o coração. Depois, levou-o para o meio do campo ressequido, a uma fonte de onde brotava água fresca. Lá o Senhor deitou cuidadosamente seu querido bambu no chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte, e a outra levou-a até o campo... E a fonte cantou boas vindas...


As águas cristalinas precipitaram alegres pelo corpo despedaçado do bambu, correram sobre os campos ressequidos, que por elas tanto haviam suplicado... Ali plantou-se o trigo, o arroz, o milho, rosas, margarida e outras flores das mais variadas espécies e cores...
Os dias passaram, a sementeira brotou, cresceu e veio o tempo da colheita, farta, abundante... Assim, o tão maravilhoso bambu de outrora, em seu despojamento, em seu aniquilamento e humildade, transformou-se numa grande benção para toda aquela região.
Quando ele era belo, crescia somente para si e se alegrava com sua própria beleza. Agora, no seu despojamento, aniquilamento e entrega, tornou-se o canal do qual o Senhor se serviu para tornar fecundas suas terras...


 E muitos, homens e mulheres encontraram a vida e viveram desse tronco de bambu podado, cortado, decepado, partido!...

Busquemos o que nos ensina Frei Ignácio sobre acontecimentos em nossa vida que a princípio não aceitamos, nos trazem dores, angústias, incompreeensões, Frei Ignácio ensina-nos a experiência do amor oblativo:
"Oblativo e não emotivo. Ninguém gosta de fracassar, nem que lhe derrubem a estátua de sua popularidade. Ninguém se emociona por ser destituído do cargo, ser vitima de malidicência ou de incompreensão. Entretanto, podemos assumir essa e outras eventualidades, não com agrado emocional, mas com paz e com sentido oblativo, como quem abandona nas mãos do Pai uma oferta dolorosa e fragante... É um amor puro (oblativo) porque nele não existe compensação de satisfação sensível. Além disso, é um amor puro porque se efetua na fé escura: o cristão, passando por cima das aparências visíveis da injusiça, contempla a presença da vontade do Pai, permitindo essa prova. A sabedoria consiste em discernir o que posso do que não posso mudar, e em ligar os reatores no rendimento máximo para alterar o que ainda é possível, e para me abandonar, com fé e com paz, nas mãos do Senhor, quando aparecerem fronteiras intransponíveis". - "Mostra-me o Teu Rosto" - Frei Ignácio Larrañaga - Ed. Paulinas 
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