CAMINHO

CAMINHO
FÉ - ESPERANÇA - PAZ - AMOR

segunda-feira, 7 de abril de 2014


Frei Ignácio escreveu este poema quando era estudante de Teologia, em Pamplona.
Ignácio Larrañaga, sem pretendê-lo, naquela primavera de 1952, aos seus 23 anos, poucos meses antes de sua ordenação sacerdotal (20 de Dezembro de 1952) nos entregava o retrato dos seus anseios, que, por graça de Deus, vimos realizados em sua vida.
Tirado da revista Vértice. Revista literária dos Teólogos Capuchinhos, de Pamplona, Número 4, Primavera 1952.


Canto ao Apóstolo
Que ventos empurram teu remo?
Aonde vais com teus braços coalhados de estrelas
e teus olhos ardidos de sol?
Onde nascem as raízes eternas
Do sonho, do olhar e do amor?

Eu o vi acender com fogos altos e agudos
os bosques internos do homem
onde pastam a avareza, o orgulho e a impiedade.

Eu o vi chegar até dentro do homem
onde começa a região de nebulosidade 
e se perdem os caminhos de Deus.
Como inundavas de resplendores rubros
seus olhos de eterna noite!

Levanta tua voz de bronze, profeta,
como uma torre medieval,
contra a muda solidão dos homens
contra esta matilha de megalômanos
que em cada rua levantam uma estátua e um deus.

Olha que vão surgir no teu caminho
vozes profanas do oriente e da lua
que querem devorar tua voz de bronze, eternamente alteada.
Acende esta estrela que os homens levam
apagadas na metade da sua fronte.
Surgem diante dos teus olhos
infinitos caminhos sobre espaços mudos;
e há poços de naufrágio de luta e morte
que esperam cada tarde teu olhar com ansiedade.

Rompe esta voz, como uma harpa, contra as cegas luzes
que afogam o anjo do homem
e enlutam sua inocência, seus olhos e sua fronte.

Acelera teus batimentos, que flutuam
com ares de impaciência e urgências de agonia.

Quando se incline, definitivamente, teu corpo
pelas pendentes da morte
se acenderá nas alturas um imenso roseiral
coalhado de orvalho e de sol.

Jesus de Azpeitia



28/março/2014
5º mês