Frei Ignácio escreveu este poema quando era estudante
de Teologia, em Pamplona.
Ignácio Larrañaga, sem pretendê-lo, naquela primavera
de 1952, aos seus 23 anos, poucos meses antes de sua ordenação sacerdotal (20
de Dezembro de 1952) nos entregava o retrato dos seus anseios, que, por graça
de Deus, vimos realizados em sua vida.
Tirado da revista Vértice. Revista literária dos
Teólogos Capuchinhos, de Pamplona, Número 4, Primavera 1952.
Canto ao Apóstolo
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Que ventos empurram teu
remo?
Aonde vais com teus braços
coalhados de estrelas
e teus olhos ardidos de sol?
Onde nascem as raízes
eternas
Do sonho, do olhar e do
amor?
Eu o vi acender com fogos
altos e agudos
os bosques internos do homem
onde pastam a avareza, o
orgulho e a impiedade.
Eu o vi chegar até dentro do
homem
onde começa a região de
nebulosidade
e se perdem os caminhos de
Deus.
Como inundavas de
resplendores rubros
seus olhos de eterna noite!
Levanta tua voz de bronze,
profeta,
como uma torre medieval,
contra a muda solidão dos homens
contra esta matilha de
megalômanos
que em cada rua levantam uma
estátua e um deus.
Olha que vão surgir no teu
caminho
vozes profanas do oriente e
da lua
que querem devorar tua voz
de bronze, eternamente alteada.
Acende esta estrela que os
homens levam
apagadas na metade da sua
fronte.
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Surgem diante dos teus olhos
infinitos caminhos sobre
espaços mudos;
e há poços de naufrágio de
luta e morte
que esperam cada tarde teu
olhar com ansiedade.
Rompe esta voz, como uma
harpa, contra as cegas luzes
que afogam o anjo do homem
e enlutam sua inocência,
seus olhos e sua fronte.
Acelera teus batimentos, que
flutuam
com ares de impaciência e
urgências de agonia.
Quando se incline,
definitivamente, teu corpo
pelas pendentes da morte
se acenderá nas alturas um
imenso roseiral
coalhado de orvalho e de
sol.
Jesus de Azpeitia
28/março/2014
5º mês
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